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sábado, 19 de abril de 2014

Será que o Novo Testamento Ensina a Predestinação?

Por Wayne Grudem


Várias passagens no Novo testamento parecem afirmar com muita clareza que Deus determinou de antemão quem seria salvo. Por exemplo, quando Paulo e Barnabé começaram a pregar aos gentios em Antioquia da Pisídia, Lucas escreve que "os gentios, ouvindo isto, regozijavam-se e glorificavam a palavra do Senhor, e creram todos os que haviam sido destinados para a vida eterna". (At 13. 48). É significativo o fato de Lucas mencionar a eleição quase de passagem. É como se isso fosse acontecimento normal quando o evangelho era pregado. Quantos creram? "Creram todos os que haviam sido destinados para a vida eterna".

Em Romanos 8. 28-30, nós lemos:

"Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. Portanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou." [1].

No próximo capítulo, ao analisar o fato de Deus escolher Jacó e não Esaú, Paulo diz que isso se deu não por causa de alguma coisa que Jacó ou Esaú tivessem feito, mas simplesmente para o propósito de Deus, quanto à eleição, prevalecesse.

E ainda não eram os gêmeos nascidos, nem tinham praticado o bem ou o mal (para que o propósito de Deus, quanto à eleição, prevalecesse, não por obras, mas por aquele que chama), já fora dito a ela: O mais velho será servo do mais moço. Como está escrito: Amei Jacó, porém me aborreci de Esaú (Rm 9. 11-13).

Com respeito ao fato de que algumas pessoas de Israel foram salvas, mas outras não, Paulo diz: "O que Israel busca, isso não conseguiu; mas a eleição o alcançou; e os mais foram endurecidos" (Rm 11. 7). Aqui, Paulo indica novamente dois grupos distintos dentro do povo de Israel. Aqueles que, porque a eleição os alcançou, obtiveram a salvação que buscavam, enquanto os demais, porque a eleição não os alcançou, simplesmente "foram endurecidos".

No início de sua carta aos Efésios, Paulo fala explicitamente a respeito do fato de Deus escolher os crentes antes da fundação do mundo.

"Assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade, para louvor da glória de sua graça" (Ef 1. 4-6).

Aqui Paulo está escrevendo a crentes e diz especificamente que Deus "nos escolheu" em Cristo, referindo-se a crentes em geral. Alguns versículos à frente, ele diz, de modo semelhante: "A fim de sermos para louvor da sua glória, nós, os que de antemão esperamos em Cristo" (Ef 1. 12).

Ele escreve aos tessalonicenses: "Reconhecendo, irmãos, amados de Deus, a vossa eleição, porque o nosso evangelho não chegou até vós tão-somente em palavra, mas, sobretudo, em poder, no Espírito Santo e em plena convicção" (1Ts 1. 4-5).

Paulo diz que o fato de os tessalonicenses acreditarem no evangelho quando ele o pregou ("porque o nosso evangelho chegou até vós [...] em poder [...] e em plena convicção") é a razão pela qual ele sabe que Deus os escolhera. Assim que ele alcançaram a fé, Paulo concluiu que há muito tempo Deus os escolhera, e por isso tinham acreditado quando pregou. Ele escreve mais tarde à mesma igreja: "Entretanto, devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados pelo Senhor, porque Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade" (2Ts 2. 13).

Embora o próximo texto não mencione especificamente a eleição dos seres humanos, é interessante também notar neste ponto o que Paulo diz sobre os anjos. Quando ele dá uma ordem solene a Timóteo, escreve: "Conjuro-te, perante Deus, e Cristo Jesus, e os anjos eleitos, que guardes estes conselhos, sem prevenção" (1Tm 5. 21). Paulo está ciente de que há anjos bons testemunhando sua ordem e a reação de Timóteo a ela, e ele está tão seguro de que é o ato de eleição de Deus que afetou cada um daqueles anjos bons que pode chamá-los de "anjos eleitos".

Quando Paulo fala sobre a razão pela qual Deus nos salvou e nos chamou a si, ele explicitamente nega que foi por causa de nossas obras, mas indica, em vez disso, que é por causa do propósito do próprio Deus e de sua graça imerecida desde a eternidade passada. Ele diz que Deus é aquele "que nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos". (2Tm 1. 9).

Quando Pedro escreveu uma epístola a centenas de cristãos de muitos igrejas na Ásia Menor, disse: "Aos eleitos de Deus [...] dispersos no Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia" (1Pe 1. 1, NVI). Mais tarde ele os chama "raça eleita" (1Pe 2. 9).

Na visão de João em Apocalipse, aqueles que não cedem diante da perseguição e não passam a adorar a besta são pessoas cujos nomes foram escritos no livro da vida desde a fundação do mundo: "Deu-se-lhe ainda autoridade sobre cada tribo, povo, língua e nação; e adorá-la-ão todos os que habitam sobre a terra, aqueles cujos nomes não foram escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo" (Ap 13. 7-8) [2]. De maneira semelhante, lemos a respeito da besta que está para emergir do abismo em Apocalipse 17: "Aqueles que habitam sobre a terra, cujos nomes não foram escritos no livro da vida desde a fundação do mundo, se admirarão, vendo a besta que era e não é, mas aparecerá". (Ap 17. 8).

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Notas:

[1] Clark Pinnock diz que esse texto não fala de predestinação para a salvação, mas antes para certo privilégio, de ser conforme Jesus Cristo: "Não há, na Bíblia, a predestinação para a salvação ou para a condenação. Há somente uma predestinação para aqueles que já são filhos de Deus com respeito a certo privilégios, determinados antecipadamente para eles" (p. 18). Mas tal visão não faz justiça a Rm 8. 29-30, porque aqueles sobre quem é dito serem predestinados nesse versículo ainda não são filhos de Deus, porque Paulo fala aqui sobre a predestinação antes do chamado ou justificação. Além disso, o privilégio de ser conforme à imagem de Cristo não é apenas para alguns cristãos, mas para todos.

[2] Gramaticamente a frases "desde a fundação do mundo" poderia referir-se tanto a "cujos nomes não foram escritos" (BJ, NVI nota) como a "o Cordeiro que foi morto" (ARA, NVI). Mas a expressão paralela em Ap 17. 8, "cujos nomes não foram escritos no livro da vida desde a fundação do mundo" parece decisiva, e apenas um sentido é possível (no texto grego o paralelismo fraseológico é surpreendente, visto que os dois versículo têm em comum onze palavras idênticas ao falar sobre as pessoas cujos nomes estão escritos no livro da vida). Além disso, o texto da BJ e da nota da NVI faz muito mais sentido à luz do restante das Escrituras: a Bíblia muitas vezes fala sobre Deus nos escolher antes da fundação do mundo, mas em nenhuma outra parte as Escrituras dizem que Cristo foi morto desde a fundação do mundo - uma declaração que simplesmente não é verdadeira em qualquer sentido literal, porque Cristo não foi morto a não ser quando ele morreu na cruz. Portanto, com relação ao texto das versões ARA e NVI, os versículos devem ser interpretados mais ou menos assim: "Deus planejou desde a fundação do mundo que Cristo seria morto" - mas isso não é o que o texto realmente diz em nenhuma dessas leituras.

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Fonte: Wayne Grudem, Teologia Sistemática Atual e Exaustiva, Vida Nova, pp. 561, 562 (adaptado para postagem).

sábado, 5 de abril de 2014

TULIP Não Significa Reformado

Por Bojidar Marinov

Há quatro anos, Cristianismo Hoje publicou um artigo, “Jovem, Incansável, Reformado”. Neste artigo, o autor Collin Hansen analisou um fenômeno que existe há uma década: o retorno de muitos jovens cristãos as doutrinas reformadas. Ele entrevistou alguns pastores e jovens membros de igrejas que saíram de movimentos carismáticos e “igrejas sensíveis ao público” que agora adotam as doutrinas do Calvinismo. Na opinião de Hansen, esse retorno é menos divulgado, mas é muito maior e persuasivo do que a “igreja emergente” ou a “igreja sensível ao público”. Ele acredita que o retorno do “Calvinismo” está “balançando a Igreja”. Ele chamou atenção para a popularidade de velhos autores Puritanos entre os “novos Reformados”, especialmente entre os jovens. O velho puritanismo dos séculos 17 e 18 pareciam ser o combustível ideológico por trás do retorno Calvinista. Muitas das obras Puritanas estavam sendo relançadas por causa do interesse renovado. Um professor em Gordon-Conwell chegou a dizer que ele suspeitava que “jovens evangélicos são atraídos aos Puritanos em busca de raízes históricas mais profundas e modelos para um Cristianismo dedicado”.
Isso foi muito encorajador. Tudo de bom que o Ocidente tem hoje – os conceitos de liberdade, estado de direito, ética de trabalho superior, organizações caridosas, espírito empreendedor, poupança e investimento em longo prazo, etc. – é devido a teologia Reformada e aqueles que a aplicaram na prática. Quando a hora chegou da liberdade ser defendida por todo mundo Ocidental, e especialmente na América, foram pregadores Reformados e Puritanos que encorajaram populações a defender suas liberdades sob Deus, e foram leigos Reformados e Puritanos que lideram as estações de batalha contra a opressão. E foram líderes Reformados e Puritanos que trabalharam para construir o Ocidente como uma sociedade justa e próspera, e para espalhar as ideias de liberdade ao resto do mundo; os outros só seguiram o exemplo. Então, se Collins estava correto em sua análise sobre o retorno do Calvinismo, então teríamos de volta a solução historicamente comprovada para a decadência da América no socialismo, paganismo, turbulência política e recessão econômica.
Mas seja qual fosse a esperança que alguém poderia extrair do que Hansen viu como o retorno do Calvinismo, estaria completamente extinguida em nossa experiência dos últimos dois anos. Em uma época em que nossa sociedade está lutando para preservar aquilo que a América já representou – tudo o que os Puritanos nos entregaram no decorrer das gerações – estes “novos Reformados” de Hansen falharam em materializar quando a influencia foi mais necessária. Desde 2008, em nossa intensa guerra cultural contra aqueles que querem subverter a América, as igrejas chamadas de “Reformadas” por Hansen não são de qualquer maneira visíveis. Seja qual for o “combustível” que pegaram emprestado dos Puritanos, não foi capaz de produzir os pregadores reformados responsáveis pela Primeira Revolução Americana. Não vemos esses novos reformadores assumindo a liderança em uma Segunda Revolução Americana. Se a Primeira Revolução foi chamada pelo Rei George de “Revolução Presbiteriana”, não há qualquer motivo para Obama, Nancy Pelosi ou qualquer outro aspirante a tirano esquerdista falar da “Insurreição Reformada” ou da “Tea Party Calvinista”. Longe de serem os herdeiros espirituais ou ideológicos dos Puritanos, os pastores mencionados no artigo de Hansen são muito cuidadosos em nunca mencionar nada de relevante nas batalhas culturais de nosso tempo.
Por quê? Por que um movimento tão grande e persuasivo de retorno as nossas raízes Reformadas não consegue produzir uma resposta apropriadamente Reformada? Uma mente Puritana não deveria produzir uma prática Puritana, individualmente e socialmente? Se os antigos Puritanos nos deram a América, os Puritanos modernos não deveriam restaurar a América ao que ela deveria ser? Como conciliar essa contradição?
A resposta é o seguinte: Não há contradição. Hansen está errado. O que ele acredita ser um “retorno ao Calvinismo” não é. O que ele vê como pastores e crentes “Reformados” não são. A definição que Hansen dá de “Reformado” é truncada. O motivo pelo qual não vemos uma resposta Puritana é porque não há influencia teológica Puritana nas igrejas que ele entrevistou. Ele somente vê a superfície. A essência não é Reformada.
Na procura por igrejas “Reformadas”, Hansen usa a TULIP – o acrônimo dos cinco pontos para Calvinismo – como sua régua de medição. Se uma Igreja acredita na TULIP (Total Depravação, Eleição Incondicional, Expiação Limitada, Graça Irresistível, Perseverança dos Santos), se ensina isso, se isso se tornou o ponto central de sua doutrina, então Hansen acredita que é “Reformada”. TULIP é mencionado, direta ou indiretamente, mais de 20 vezes no artigo. É a inspiração de alguns dos convertidos ao Calvinismo que foram entrevistados em seu artigo. Algumas das igrejas “Reformadas” importantes têm cursos e instruções especiais sobre a TULIP. Outros estão nos púlpitos ousadamente pregando sobre. TULIP é o principio e fim do que Hansen define como “Calvinismo”. Ele acredita que se uma igreja é focada na TULIP, é Reformada.
A verdade que Hansen não percebeu é que TULIP não é a essência da teologia Reformada. É claro, as doutrinas da Total Depravação, Eleição Incondicional, Expiação Limitada, Graça Irresistível e Perseverança dos Santos são um passo inicial importante em direção ao imenso corpo de verdades teológicas chamadas de “teologia Reformada”. É um resultado direto do conceito maior da Soberania de Deus. É uma descrição correta do estado caído do homem e da obra de Deus na salvação do indivíduo. Quando olhamos para o alto e agradecemos a Deus pelo que ele fez pessoalmente por nós, pensamos “TULIP”, mesmo que não conhecêssemos ou compreendêssemos o termo.
Em resumo, TULIP é o acrônimo para o “mecanismo” de nossa salvação pessoal. E só isso. Nada além de nossa salvação pessoal. Mas a teologia Reformada inclui imensuravelmente mais que simplesmente nossa salvação pessoal. E quanto uma Igreja faz da TULIP a soma de toda sua teologia, essa Igreja não é Reformada. Sim, ela deu o primeiro passo nessa direção, mas ainda está longe do objetivo.
Os Puritanos que os “novos Reformados” dizem gostar e seguir ficariam profundamente surpresos se alguém colocasse toda a Soberania de Deus na salvação individual das almas. Isso pareceria realmente egoísta para eles – ficaria parecendo que a Soberania de Deus foi feita para servir as necessidades do homem, em fez da salvação do homem servir aos planos de Deus. A salvação de indivíduos nunca ocupou um status tão alto no pensamento dos Puritanos e sim o Reino de Deus e sua justiça. Os Puritanos entendiam que os planos de Deus eram uma prioridade acima da salvação de indivíduos; o Faraó e seu coração endurecido era um tópico de sermão favorito para muitos pregadores Puritanos. Eles não vinham a soberania de Deus somente na salvação, mas também na condenação e em muitas outras coisas. O evangelismo realmente chamava para o arrependimento individual e para andar em justiça, mas eles compreendiam que pregar a salvação era somente o leite (Hb 6.1-2). Havia mais áreas do conhecimento e práticas que são alimentos mais sólidos e que merecem mais atenção.
O artigo de Hansen mencionou aqueles dentre os jovens “novos Reformados” que saíram das “igrejas sensíveis ao público” e se tornaram Reformadas. Mas o que mudou para essas pessoas? Sim, a justificação teológica para a fé mudou, sem dúvidas. Não acreditam mais que conquistam a própria salvação. Mas as prioridades e motivações mudaram? De jeito nenhum. Tanto em um ambiente “sensíveis ao público” quanto “novo Reformado”, o foco é no EU e no MEU, o que Deus fez por MINHA salvação. O principio e o fim é a salvação pessoal e só isso. Em um sentido muito verdadeiro, os “novos Reformados” são simplesmente uma versão teologicamente correta do movimento “sensível ao público”: o egoísmo da busca continua lá, exceto que agora tem uma teologia melhor. Essa ênfase em si mesmo, nas MINHAS necessidades, pareceria uma reinterpretação grosseira da Soberania de Deus para os antigos Puritanos. Dificilmente eles reconheceriam a si mesmos ou suas ideias no movimento “novo Reformado”. Não é o legado deles e a obsessão com batalha espiritual pessoal não fazia parte de suas mentes ou cultura.
Qual foi o legado deixado pelos Reformadores para futuras gerações?
Não foram igrejas cheias de crentes que ansiosamente estudam teologia somente para regozijar-se com sua salvação pessoal. Alias, com duas exceções – Escócia e Hungria – os primeiros Reformadores não nos deixaram igrejas permanentes. Não foram sermões intelectualizados de linguagem psicologicamente elaborada que analisam cada sentimento e emoção que um crente possa ter. Não foram sermões corajosos sobre tópicos irrelevantes, de importância periférica para nossa era e cultura. E, sem dúvidas, não foi uma crença em um Deus que somente é soberano para salvar indivíduos e nada mais.
O legado mais duradouro foi sobre o cultivo de sociedades, cujas culturas se baseavam na aplicação prática da teologia Reformada, de cima a baixo. Genebra, Estrasburgo, Holanda, Inglaterra, Escócia, Hungria, as comunidades huguenotes na França e posteriormente na Carolina do Norte e do Sul, Oranje-Vrystaat e Transval. Sociedades que se tornaram luz para o mundo, uma encarnação da liberdade e justiça de Cristo para todos. Os crentes Reformados de séculos anteriores construíram uma civilização que influenciou o mundo permanentemente. Eles mudaram o mundo, não pelo egoísmo de enfatizar a própria salvação, mas pela obediência em ensinar as nações e construir o Reino de Deus.
Foram cidades edificadas sobre o monte que nos deixou um legado, e o lema “Cidade Sobre o Monte” é o que melhor descreve a teologia Reformada hoje, não TULIP. Sejam Calvinistas ou Arminianos, Cristãos e Não-Cristãos, todo mundo na América hoje – e não somente na América – é uma testemunha do sucesso de construir aquela “Cidade Sobre o Monte”. Os Puritanos de quem Hansen falou não chegaram nesse litoral para encontrar a perfeita teologia TULIP. De fato, eles criam na soberania de Deus sobre a salvação, mas eles criam em muito mais do que isso. Eles sabiam que eram predestinados por Deus para serem os vasos escolhidos para manifestar a Soberania de Deus sobre culturas e sociedades de homens ao construir uma nova civilização. “Os reinos deste mundo vieram a ser o Reino de nosso Deus” tinha um significado muito específico para os Puritanos, e essa visão era o que caracterizava a visão deles de Soberania.
Com uma visão de Cidade Sobre o Monte, os Puritanos estavam muito mais preocupados com questões legais e culturais da sociedade do que com questões psicológicas e filosóficas da existência humana, como é o caso dos “novos Reformados”. Justiça e retidão era a prioridade acima de espiritualização excessiva e experiências místicas. Desenvolveram códigos legais, teorias e praticas econômicas, organização social, educação e ciência. Eles não se preocupavam com os pequenos e irrelevantes detalhes da vida espiritual do Cristão. Eles viam valor em encarnar as verdades de Deus na cultura, não em teologia do interior. A visão que tinham do mundo era de uma unidade, segundo a Lei de Deus, espiritual ou material, igreja, família, estado, mente, matéria, lei e graça. Eles não seriam capazes de compreender o dualismo das igrejas dos “novos Reformados”. “Pacto”, para eles, não era um termo religioso. Era o componente essencial de todas as relações, espirituais ou temporais, e todos os pactos – na esfera civil, no comercio, igreja, família, escola – deveria imitar o pacto supremo entre Deus e a humanidade em Jesus Cristo.
É por isso que quando John Whitherspoon declarou que a liberdade de cultuar e a liberdade econômica e política eram coisas inseparáveis, ele não estava declarando uma nova doutrina. Ele estava proclamando o que aprendeu com seus antepassados espirituais, com Agostinho, Calvino, Mather e Edwards. E quando os discípulos de Whitherspoon se juntaram para se tornar os Pais Fundadores dos Estados Unidos da América, isso foi um ato verdadeiramente Reformado, uma consequência lógica das doutrinas da Reforma.
Aqueles que querem ser Reformados hoje, não podem ficar limitados ao pensamento confortável de que Deus lhes deu a salvação pessoal. Reformado significa a Soberania de Deus sobre tudo – tudo na vida, pensamento e ação do homem, incluindo a sociedade e cultura do homem. Portanto, os “novos Reformados” de Hansen não são Reformados. É somente uma versão teologicamente de uma religião centrada no homem.
Da próxima vez que Cristianismo Hoje quiser encontrar o retorno do Calvinismo, a frase chave não é TULIP. O retorno do Calvinismo será conhecido pelo seguinte: “Cidade Sobre o Monte”, “Visão de Mundo Abrangente”, “Ensinar as Nações”, “Os Direitos Régios de Jesus Cristo Sobre Todas as Áreas da Vida”, “Cristandade”, “Domínio sob o Pacto de Deus”. O artigo deve se chamar: “Os Reformados, Historicamente Otimistas, Voltados para o Domínio”. Qualquer outra coisa será somente uma imitação vazia do legado dos Puritanos, não verdadeiramente Reformado.


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Fonte: Monergismo
Tradução: Frank Brito