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segunda-feira, 30 de junho de 2014

Um estudo detalhado sobre João 3: 16

Por John Owen

Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha vida eterna. (Jo. 3: 16).

Muitas vezes este versículo é usado para ensinar que:

  • "amou" = Deus tem tal anseio natural pelo bem de.
  • "mundo" = toda a raça humana, em todas as épocas e tempos.
  • "deu" = Ele deu Seu Filho para morrer, na verdade, não para salvar qualquer um, mas.
  • "todo aquele" = para que qualquer um que tenha a tendência natural para crer.
  • "tenha" = possa, assim, obter a vida eterna.

Contrastando com isso, nós entendemos que o versículo ensina:

  • "amou" = Deus tem um amor tão especial, tão supremo, que Ele determinou.
  • "mundo" = que todo o Seu povo, dentre todas as raças fosse salvo.
  • "deu" = ao designar Seu Filho para ser um Salvador adequado.
  • "todo aquele que" = deixando claro que todos os crentes, e somente eles.
  • "tenha" = tenham, efetivamente, todas as coisas gloriosas que Ele planejou para eles.
Há três coisas a serem cuidadosamente estudadas aqui. Em primeiro lugar, o amor de Deus; em segundo lugar, o objeto do amor de deus, aqui chamado de "o mundo"; em terceiro lugar, a intenção do amor de Deus: para que os crentes "não pereçam".

1. É importante entender que nada que sugira que Deus é imperfeito deve ser dito a respeito dEle. Sua obra é perfeita. No entanto, se for argumentado que Ele tem um anseio natural quanto à salvação de todos, então, o fato de todos não serem salvos deve significar que Seu anseio é fraco e Sua felicidade é incompleta.

Além disso, as Escrituras não afirmam, em lugar algum, que Deus é naturalmente inclinado ao bem de todos. Ao contrário, é evidente que Deus é completamente capaz de ter misericórdia daqueles pelos quais Ele terá misericórdia. Seu amor é um ato livre de Sua vontade, não uma emoção produzida nEle por nosso estado miserável. (Se fosse a miséria que tivesse atraído o anseio natural de Deus para ajudar, então Ele deveria ser misericordioso para com os demônios e os condenados!).

O amor que é aqui descrito é um ato supremo e especial da vontade de Deus, dirigido particularmente aos crentes. As palavras "de tal maneira" e "para que" enfatizam a característica incomum desse amor e o claro propósito desse amor no sentido de salvar os crentes da perdição. Então, este amor não pode ser uma afeição comum por todos, desde que alguns realmente perecem.

Outros versículos das Escrituras também concordam que esse amor de Deus é um ato supremo e é dirigido especialmente aos crentes, como, por exemplo, Romanos 5: 8 ou 1 João 4: 9, 10. Ninguém falaria de uma inclinação natural para o bem de todos, através de maneiras tão enfáticas como estas.

É claro que Deus quer o bem de todos a quem Ele ama. Então, segue-se que Ele ama somente aqueles que recebem esse bem. O mesmo amor que O levou a dar Seu Filho Jesus Cristo, faz com que Ele dê também todas as outras coisas necessárias, "Aquele que nem mesmo a seu próprio filho poupou, antes o entregou por todos nós, como nos não dará também com ele todas as coisas?" (Romanos 8: 32). Assim, este amor especial de Deus pode, portanto, ser somente por aqueles que realmente tenham recebido graça e glória.

Ora, leitor cristão, você precisa julgar: pode o amor de Deus, que deu o Seu Filho, ser entendido como um sentimento de boa vontade para com todos em geral? Não será, ao invés disso, o Seu amor especial para com os crentes eleitos?

2. Precisamos examinar o que é o objeto desse amor de Deus, aqui chamado de "o mundo". Alguns dizem: isso deve significar todos e cada um dos homens. Eu jamais consegui ver como isso poderia significar tal coisa. Já demonstramos os diferentes sentidos com que a palavra "mundo" é usada nas Escrituras. E, em João 3:16, o amor mencionado no princípio e o propósito no final, não podem concordar com o significado de "todos e cada um dos homens" que é imposto, por alguns, sobre "o mundo", o qual ocorre no meio do versículo.

De nossa parte, entendemos que essa palavra significa os eleitos de Deus espalhados pelo mundo entre todas as nações. Os benefícios especiais de Deus já não são para os judeus somente. O sentido é: "Deus amou os Seus eleitos em todo o mundo de tal maneira, que deu o Seu Filho com esse propósito, para que os crentes pudessem ser salvos por Ele". Há várias razões que corroboram esse ponto de vista.

A natureza do amor de Deus conforme já examinamos aqui, não pode ser considerada como sendo estendida a todos e a cada um dos homens. O "mundo", neste versículo, tem que ser aquele mundo que realmente receba a vida eterna. Isso é confirmado pelo versículo seguinte - João 3: 17 - onde, na terceira ocorrência do termo "mundo", é afirmado que o propósito de Deus ao enviar Cristo foi "para que o mundo fosse salvo". Se "mundo" se refere aqui a quaisquer pessoas senão aos crentes eleitos, então Deus falhou no Seu propósito. Não ousaríamos admitir isso.

Não é raro, de fato, o povo de Deus ser designado por termos, tais como: "mundo", "toda a carne", "todas as nações", e "todas as famílias da terra". Em João 4: 42, por exemplo, é afirmado que Cristo é o Salvador do mundo. Um Salvador de homens não salvos seria uma contradição de termos. Assim sendo, aqueles que aqui são chamados de "o mundo" têm que ser apenas aqueles que são salvos.

Há várias razões porque os crentes são chamados de "o mundo". É para distingui-los dos anjos; para rejeitar judeus jactanciosos que pensavam ser apenas eles o povo de Deus; para ensinar a distinção entre a velha aliança feita com uma só nação, e a nova - na qual todas as nações do mundo se tornariam obedientes a Cristo; e para mostrar a condição natural dos crentes como criaturas terrestres e deste mundo.

Se for ainda argumentado que "mundo" aqui se refere a todos e a cada um dos homens como sendo o objeto do amor de Deus, então, por que Deus não revelou Jesus a todos a quem Ele tanto amou? É muito estranho que Deus desse Seu Filho para eles, e, no entanto, nunca lhes falasse desse amor, pois milhões jamais ouviram o evangelho! Como pode ser dito que Ele ama todos os homens, se, na Sua providência, esse amor não chega a ser conhecido por todos os homens?

Finalmente, "mundo" não pode significar todos e cada um dos homens, a menos que estejamos dispostos a admitir que:


  • O amor de Deus em relação a muitos é em vão, porque eles perecem;
  • Cristo foi enviado em favor de milhões que jamais O conheceram;
  • Cristo foi enviado em favor de milhões que não podem crer nEle.
  • Deus muda Seu amor para abandonar aqueles que perecem (ou isso, ou Ele continua a amá-los no inferno);
  • Deus não consegue dar todas as coisas àqueles pelos quais Ele deu Cristo.
  • Deus não sabe de antemão quem vai crer e ser salvo.

Não podemos admitir tais absurdos; "mundo" só pode significar aquelas pessoas espalhadas pelo mundo, que são eleitos.

3. Afirma-se que a maneira pela qual os eleitos de Deus chegam, realmente, a obter a vida que está em Seu Filho é através do ato de crer. É "cada crente que não vai perecer"[1].

Se for alegado que Cristo morreu por todos e por cada um dos homens, e, entretanto, nós agora aprendemos que somente os crentes serão salvos, o que é que faz a diferença entre crente e não crentes? Eles não podem fazer a diferença por si mesmos (Ver 1 Coríntios 4: 7). Então Deus os fez diferentes. Mas se Deus os fez diferentes, como pode ter enviado Cristo para todos eles?

O versículo (João 3: 16) declara a intenção de Deus no sentido de que os crentes serão salvos. Segue-se, então, que Deus não deu Seu Filho para os incrédulos. Como poderia ter dado Seu Filho para aqueles a quem Ele não deu a graça de crer?

Ora, que o leitor pese todas estas coisas, e especialmente a primeira - o amor de Deus - e pergunte seriamente se pode ser considerado uma afeição por todos em geral aquilo que pode tolerar a perdição de muitos daqueles a quem Ele tanto amou? Ou será que este amor não é melhor entendido como sendo aquele único, especial amor do Pai por Seus filhos crentes, que torna seguro o futuro deles? Então, você terá uma resposta se a Bíblia ensina, ou não, que Cristo morreu como um resgate geral - infrutífero com relação a muitos pelos quais o resgate foi pago ou como uma redenção especial e gloriosamente eficaz para cada crente. E lembre-se de que este texto, João 3: 16, é frequentemente usado para sustentar a ideia de que Cristo morreu por todos os homens - embora, como já tenho mostrado, seja completamente incompatível com tal noção!

***
Notas:

[1] Sugerir que "todo aqueles" significa "qualquer um" indefinidamente, não vai ajudar em nada a causa da redenção universal. A forma das palavras gregas é realmente "todos os crentes". Argumentar a favor de "qualquer um" é, sem dúvida, negar que o amor de Deus é igual para com todos os homens! Se alguns - o "todo aquele" - podem ser especialmente favorecidos, então Deus não pode ter amado todos os homens igualmente. Ele deve, de alguma forma, ter amado os "todos aqueles" mais do que o restante dos homens!

***
Fonte: John Owen, Por quem Cristo Morreu?, PES, pp. 82-88 (adaptado para postagem).

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Loterias e Apostas

Por R. C. Sproul


Pergunta: Existe uma posição bíblica clara contra loterias e jogos em cassinos?

Resposta: Se há uma proibição bíblica explícita e direta contra jogos no cassino ou contra loterias? Não que eu saiba. Entretanto, a igreja cristã tem assumido uma posição consistentemente desfavorável contra os cassinos e loterias, baseada nas implicações de certos princípios teológicos. Por exemplo, na igreja em que fui ordenado ministro, parte de nossa posição confessional é que devemos seguir não apenas o que a Bíblia ensina explicitamente, mas o que pode ser deduzido das Escrituras por inferência clara e necessária. A Bíblia tem princípios claros que se referem a questões como essas. O mais importante, sem dúvida, é o princípio da mordomia, pelo qual sou responsável por agir como mordomo de minhas posses, inclusive minha riqueza e por não ser esbanjador e irresponsável na maneira como gasto meu dinheiro.

O maior problema que tenho com cassinos, e particularmente com loterias, é que eles tendem a ser investimentos muito medíocres, e inevitavelmente exploram os pobres da sociedade. O pobre sonha em melhorar seu bem-estar material. Ele sonha em possuir casa e um bom carro. Sonha em ser libertado das infindáveis e opressivas tarefas do trabalho diário com remuneração muito pequena. Sendo um trabalhador que recebe um pagamento baixo por horas de serviço, ou que depende de um cheque da Previdência Social, ele não terá nunca oportunidade de acumular dinheiro suficiente para construir uma base sólida ou investir no futuro. Sua única possibilidade de conseguir segurança financeira ou melhorar sua situação é apostar nos números e apostar alto nos cassinos. Ele usará seu dinheiro e esperará ganhar o prêmio milionário. Esse é o seu sonho. Mas ele não tem uma compreensão real de como o sistema funciona, e quão grandes são as desvantagens contra ele.

Passamos por essa luta no estado da Pensilvânia quando eu morava lá e todos estavam preocupados com crime organizado e tudo mais. O crime organizado já existia lá. Quando eu era menino, já havia uma loteria na Pensilvânia. Não era estatal, era dirigida pela Máfia, e podia-se comprar um número em quase todas as esquinas de Pittsburgh. O fato que me espantou foi que quando o estado assumiu a loteria para benefício de cidadãos importantes, as dificuldades para ganhar no sistema estatal eram piores do que as que existiam no sistema da Máfia. Portanto vi o estado tirando vantagem do desejo das pessoas de ficarem ricas depressa, e explorando o pobre através dessa terrível forma de investimento.

Pergunta: Qual deveria ser a posição cristã sobre apostas?

Resposta: Quando uma pergunta ética se refere à nossa cultura, é importante tentar respondê-la do ponto de vista dos princípios bíblicos. Se você andar pela rua e perguntar a cem cristãos: "É errado jogar?" Noventa e cinco deles provavelmente responderão de maneira automática: "Sim, sem dúvida". Em outras palavras, as tradições subculturais da comunidade cristã têm se oposto rigorosamente ao jogo e às apostas durantes séculos.

A Bíblia não diz: "Não jogarás". Portanto precisamos ser muito cuidadosos antes de declarar ao mundo que Deus se opõe a todas as formas de jogo. O que dizer sobre investir na bolsa de valores? E sobre investir numa companhia? O que dizer sobre qualquer tipo de investimento de capital? Em todos estes casos você está arriscando o seu dinheiro; todos são formas de jogo. Que diferença faz se você está investindo numa corrida de cavalos ou em ações da Bolsa de Valores de Nova Iorque? Alguns teólogos fazem uma distinção entre jogo de risco e casos de comércio ou astúcia. Uma coisa é investir o dinheiro numa companhia que eu mesmo vou operar, e cujo sucesso até certo ponto dependerá do meu grau de energia, meu trabalho, minha sabedoria e habilidade; outra coisa é entregar o meu dinheiro numa agência de apostas para ver o que acontece nesse jogo de sorte.

Creio que a questão real a respeito de apostas e loterias estaduais, do ponto de vista bíblico, se centraliza no princípio bíblico da mordomia. Deus nos dá certos recursos, benefícios, talentos e habilidade, e somos responsáveis por usá-los com sabedoria. Deus não é favorável ao desperdício de dinheiro, à falta de cuidado com os bens que Ele nos dá. O grande problema com o jogo é a má mordomia. Numa corrida de cavalos, ou de cachorros ou numa loteria estadual, as desvantagens são tão grandes contra você, especialmente em agências de aposta, que todos representam um mau uso de seu capital de investimento. Nessa altura, eu diria que os cristãos não devem apoiar este tipo de empreendimento.

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Fonte: R. C. Sproul, Boa Pergunta!, Cultura Cristã, pp. 288-290.